quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Aluno de universidade particular estuda menos, diz Ipea

Os alunos de instituições particulares de ensino superior dedicam menos tempo fora da sala de aula aos estudos do que os matriculados em universidades públicas. É o que mostram os dados preliminares de uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) sobre a juventude brasileira, divulgados nesta terça-feira (6). Os técnicos do Ipea entrevistaram 2,4 mil estudantes de 18 a 24 anos de duas instituições públicas e quatro particulares de São Paulo e Brasília.
Segundo o levantamento, 37,1% dos universitários brasileiros utilizam menos de 5 horas semanais para estudos fora da sala de aula. No outro extremo, 3,6% dos participantes da pesquisa afirmaram estudar mais de 26 horas semanais fora da sala de aula. Na amostra da pesquisa detectou-se que 52% dos alunos estudam e trabalham. Desse grupo, a maior parte (44,7%) declarou separar menos de 5 horas semanais para estudos complementares - "o que é esperado de quem trabalha e estuda", dizem os técnicos do Ipea. No entanto, 34,9% dos estudantes que se definiram como desempregados também utilizam essa mesma quantidade de horas para estudos fora da universidade.
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A pesquisa, que compara a juventude brasileira à chinesa, é resultado de acordo de cooperação técnica entre o Ipea, a Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS), o Centro de Pesquisa em Infância e Juventude e a Associação de Pesquisa em Infância e Juventude, ambos da China. Ao todo, 2,4 mil jovens do país asiático também foram ouvidos, em Pequim e Xangai. Agora as informações serão analisadas mais detalhadamente pelos dois países para a divulgação do texto final.
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Perfil - No relatório divulgado nesta terça também constam informações sobre a escolaridade dos pais dos universitários brasileiros. Segundo a pesquisa, identifica-se uma relação diretamente proporcional entre o nível de escolaridade do pai e da mãe e o acesso do jovem ao ensino superior. "Os participantes desta pesquisa são provenientes de famílias com maior escolaridade, enquanto os filhos daquelas com escolaridade mínima - até o ensino fundamental completo - estão presentes em menor número na universidade", afirmam os autores do estudo. "Contudo, os dados também revelam um processo de ascensão social para cerca de 50% dos estudantes da amostra, já que ao entrarem no ensino superior alcançaram maior escolaridade que seus pais."
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No quesito satisfação com o curso de graduação, 74,1% dos entrevistados disseram que a formação atual foi a primeira escolha ao ingressarem na universidade - desses, 64,3% informaram estar tão satisfeitos que não trocariam de curso. Por outro lado, 14,1% dos estudantes escolheram outro curso após não serem aprovados na opção de origem. "A análise dos dados indica que o número de estudantes satisfeitos com o curso que realizam é pelo menos cinco vezes maior do que aqueles que gostariam de estar construindo outros perfis profissionais."
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China - O levantamento também quis saber a visão dos universitários brasileiros sobre a China - e vice-versa. Com os resultados, tem-se o objetivo de formular políticas públicas para "uma melhor compreensão do outro, redimindo estereótipos e conflitos decorrentes da falta de conhecimento que ainda persiste em ambos os países".
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No Brasil, foi solicitado aos estudantes que informassem sua opinião a respeito da contribuição da China em alguns temas. Sobre preservação ambiental, constatou-se que a maioria vê a China como um país que não contribui nesta área. No item promoção da paz mundial, a maior parte avalia que a China tem média contribuição. Em integração e cooperação entre os povos, a maioria considera de média a alta a contribuição do país asiático para promover e integrar os povos. Os brasileiros também tiveram de se posicionar a respeito das relações comerciais atuais entre o País e a China. Ao todo 51,8% indicam uma compreensão de que as relações comerciais entre os dois países beneficiam tanto um quanto o outro de modo igual. "Entretanto, pode-se ver que há um grupo significativo de estudantes que tende a avaliar que a concorrência dos produtos industrializados da China no mercado brasileiro é prejudicial para a economia do Brasil, beneficiando, em grande medida, somente o mercado econômico chinês."
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Fonte: O Tempo (MG) / AGÊNCIA ESTADO

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