Uol - 08/05/2012
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Uma comissão do Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro) esteve nesta terça-feira (8) no MPRJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) entregando uma petição contra a medida do governo do Estado que coloca policiais militares fardados e armados nas escolas. Vigente desde a semana passada, nesta primeira etapa do Proeis (Programa Estadual de Integração da Segurança) 423 PMs fazem a segurança em 90 escolas de todo o Estado.
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O Proeis, segundo o governo, tem o objetivo de impedir a entrada de violência na escola, que pode se dar através de assaltos, furtos e tráfico e consumo de drogas. A Secretaria de Educação entende ainda que a presença de um policial pode inibir a prática de bullying nas unidades de ensino. Para o sindicato, entretanto, a presença policial gera “constrangimento, intimidação e humilhação para toda a comunidade escolar”.
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O Ministério Público já havia instaurado inquérito na última quinta-feira (3) para verificar se o convênio entre as secretarias de Educação e Segurança é compatível com o ambiente escolar. O MPRJ quer saber se profissionais de educação, pais e alunos foram ouvidos e se os policiais receberam treinamento adequado para o exercício da nova função. Para a coordenadora do Sepe, Edna Félix, a segurança do ambiente escolar deve ser garantida por profissionais preparados a lidar pedagogicamente com crianças e adolescentes. Segundo ela, a presença de policiais dentro de escolas “é uma tragédia anunciada”.
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“Professores levam anos de faculdade para o aprendizado do trato com alunos. Não é um curso de 15 dias que vai preparar os policiais. Nós reivindicamos o aumento de profissionais preparados. Hoje não existe mais na rede o supervisor educacional, não existe mais o coordenador de turno. O pátio está abandonado. Hoje só existem os professores, a direção e alguns profissionais terceirizados que não criam vínculo com a escola”, declarou.
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Alunos
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O UOL Educação ouviu alunos do Colégio Estadual Olavo Bilac, em São Cristóvão, bairro da zona norte do Rio. A unidade de ensino é uma das 90 que conta com a presença de um policial. Segundo os estudantes, o policial ronda pelo pátio e na entrada escola, local onde estava durante a presença da reportagem. A grande maioria entende ser positiva a medida adotada pelo Governo do Estado. “Eu acho bom. Na favela, as pessoas não veem gente armada o tempo todo? Não é surpresa nenhuma. Ficamos mais seguros com a presença de um policial”, disse a estudante Suzi Melo, 17 anos.
O UOL Educação ouviu alunos do Colégio Estadual Olavo Bilac, em São Cristóvão, bairro da zona norte do Rio. A unidade de ensino é uma das 90 que conta com a presença de um policial. Segundo os estudantes, o policial ronda pelo pátio e na entrada escola, local onde estava durante a presença da reportagem. A grande maioria entende ser positiva a medida adotada pelo Governo do Estado. “Eu acho bom. Na favela, as pessoas não veem gente armada o tempo todo? Não é surpresa nenhuma. Ficamos mais seguros com a presença de um policial”, disse a estudante Suzi Melo, 17 anos.
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Para a estudante do segundo ano do ensino médio, Ana Cristina de Oliveira, 41 anos, a medida serve para o retorno da autoridade no ambiente escolar, “Do jeito que os alunos estão, sem um pingo de respeito por ninguém, serve justamente para impor esse respeito”, declarou. “Desde que respeitem a gente, não vejo nenhum problema”, disse Carlos Henrique Silva, 19 anos. Estudante do primeiro ano do ensino médio, Larissa Ribeiro, 14 anos, foi a exceção dentre os adolescentes ouvidos. “Eu acho constrangedor. É perigoso ter arma dentro da escola. Mas de repente pode ser bom, pela segurança. Mas é muito mais constrangedor”, disse.
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Mãe de aluna do ensino fundamental, a comerciante Adriana Rocha Santos, 41 anos, acredita que a presença de policiais nas escola é necessária em consequência “da violência dos jovens”.
“Na escola onde minha filha estuda houve uma guerra de estudantes com outros de escola rival. Outra vez, um estudante entrou armado para matar a ex-namorada. Eu sou a favor da presença policial. O professor não quer se envolver nesses problemas de violência e está mais do que certo em fazer isso”, disse.
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Policial tem remuneração extra
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Convênio entre as Secretarias de Segurança e de Educação, o Proeis garante remuneração extra ao policial que abre mão da folga para atividade extra –neste caso, a segurança das escolas. A cada oito horas trabalhadas, o policial ganha R$150 se for praça e R$200 se for oficial. “É a institucionalização do bico. Colocar um policial que sai de um turno inteiramente estressado trocando tiros com bandidos para horas depois tomar conta de crianças e adolescentes em escolas. É uma tragédia anunciada”, acredita.
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O professor do Colégio Estadual Herbert de Souza, Luís Fernando Carvalho, é contra a medida. Na escola onde leciona, professores e alunos, segundo ele, estão divididos com a presença dos policiais. “Há uma grande divisão de opiniões, mas rola um constrangimento na maioria dos alunos. Os adolescentes já veem na realidade onde moram a presença constante da arma. A escola deveria ser justamente o local de maior liberdade, maior tranquilidade e agora apresenta esse cenário”, disse.
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"Segurança do patrimônio público"
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Em nota, a Secretaria Estadual de Educação afirmou que os policiais são treinados para a função. Informou ainda que a medida serve para garantir a segurança do patrimônio público, citando o caso do Colégio Estadual Tim Lopes, no Complexo do Alemão, em que “há a invasão da piscina pela comunidade para uso”. Contudo, a secretaria admite a revista de alunos “mas apenas em casos extremos e limites, com acompanhamento da direção do colégio”.
Em nota, a Secretaria Estadual de Educação afirmou que os policiais são treinados para a função. Informou ainda que a medida serve para garantir a segurança do patrimônio público, citando o caso do Colégio Estadual Tim Lopes, no Complexo do Alemão, em que “há a invasão da piscina pela comunidade para uso”. Contudo, a secretaria admite a revista de alunos “mas apenas em casos extremos e limites, com acompanhamento da direção do colégio”.
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Sobre casos de bullying, a secretaria entende que a equipe pedagógica está preparada para cuidar do assunto,” mas, se um grupo de alunos pensa em praticar o bullying na escola, talvez tendo um PM por perto, se sinta inibido. Essa é a lógica, diz a nota.
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Fonte: UOL Educação
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