sábado, 19 de maio de 2012

É hora dos levantes docentes, discentes, técnicos e populares....

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É hora de voltar a fazer coletivamente o que individualmente não é possível. É hora dos levantes docentes, discentes, técnicos e populares - 17/05/2012 - Roberta Traspadini - Fonte: http://www.brasildefato.com.br/node/9584#.T7XChFyBs3w.facebook
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A educação pública brasileira, em seus três graus sofreu, nos últimos anos, transformações catastróficas na sua estrutura de funcionamento.
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No caso do ensino superior, a aprovação do Reuni, com a aparente justificativa de democratização do ensino público superior, revelava as mudanças que viriam para ficar e abalar ainda mais o funcionamento precário do mundo do trabalho-educativo do sistema público universitário.
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O fato de um número maior de indivíduos das classes populares ter acesso às instituições públicas, não pode ser confundido com a permanência e a vivência concreta nestes espaços ao longo do tempo que passarão pelo curso.
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Entre estas mudanças estão:
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- A diminuição substantiva do orçamento da união para a educação pública;
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- A era do produtivismo capes, que reitera a função docente centrada na titulação e publicações (lattes);
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- As contratações temporárias que sequer estão conformadas legalmente no plano da categoria docente com uma entidade que a represente;
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- A falta de condições estruturais como moradia estudantil, transporte livre e restaurante universitário garantido em todos os campi;
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- A educação à distância que vem ganhando força,implementada como um estado natural,fruto de um processo anti-dialógico e anti-reflexivo sobre os prós e os contras de dita reestruturação em um País como o Brasil;
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- A burocratização formal da utilização dos recursos e a implementação das fundações como o polo aglutinador e distribuidor das verbas liberadas para os projetos federais a serem executados pelos docentes destas instituições;
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- A desigualdade formal e real explicitada nos contrastes salariais entre professores dos IFES, CEFETES e das universidades federais e no interior destes a partir da diferenciação de planos de cargos e salários que hierarquizam o conhecimento a partir do plano desigual de suas remunerações.
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O servidor público federal se transformou, nos últimos anos, em uma presa vital para o capital. Este esquarteja sua vítima, o funcionalismo público, a partir das transformações acima citadas, antes de servi-lo no banquete dos poucos grupos que comandam o desenvolvimento econômico do País.
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O avanço técnico-científico reforça na sociedade do século XXI, a era dos sem tempo. Vale ressaltar que o tempo é a medida do valor utilizada pelo capital contra o trabalho no modo de produção capitalista.
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Destempo: lutar por direitos na era individualista dos sem tempo.
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A dialética do concreto é implacável na era dos sem tempo,que lutam a destempo do tempo hegemônico do capital.
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Se os servidores fazem uma assembleia e instituem a greve como mecanismo reivindicativo legítimo e legal, uma parte expressiva dos estudantes e professores continua.
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Se os professores, à luz do mesmo direito, param, uma parte expressiva deste próprio grupo, os estudantes e os técnicos administrativos continuam.
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Essas paradas, em movimento, que são legítimas, legais e necessárias, nos mostram a sociedade dos sem tempo em destempo(luta) no atual tempo de reestruturação da crise do capital. O destempo das lutas nos remete à aparente vitória do plano individual pelo coletivo. As greves são o nado contra a corrente do tempo do capital, de se lutar por um plano mais democrático, mais equitativo para toda a rede pública federal, em uma era de degradação do público pela nova proposta privada de políticas públicas, de conformação programada, executa a educação como mercadoria.
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A greve nos remete a uma posição necessária da aparente desordem que exige, dentro da ordem, uma essência menos perversa, menos pedante, menos mercadológica para todas as esferas reivindicadoras.
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Quem sabe faz a hora, não espera acontecer. É hora dos estudantes, dos assistentes, e de uma parte dos professores que está ausente se levantar e parar junto. É hora de voltar a fazer coletivamente o que individualmente não é possível. É hora dos levantes docentes, discentes, técnicos e populares.
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Se isto ocorrer, mesmo em meio da era dos sem tempo, colocaremos em movimento o destempo do capital, isto é, a luta do trabalhador em unidade. Estaremos em tempos de reconfiguração de nossos seres coletivos em movimento. Em tempos de movimento aberto para a possibilidade de reestruturação de um projeto para além do capital. Em tempos de voltar a tecer a teia do projeto popular para o Brasil.
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Que venham, se multipliquem e se unifiquem as greves!!!
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Roberta Traspadini é economista, educadora popular e integrante da Consulta Popular/ES.

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