Por Maria Alice Setubal*
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Vivemos no segundo semestre um momento político de grande potencial para a educação, em que as campanhas municipais dividem o espaço da mídia com o julgamento do mensalão. De um lado, a sociedade tem a oportunidade de discutir suas cidades. Ao mesmo tempo, debates sobre o julgamento apontarão referências importantes para os brasileiros, especialmente em termos da ética e dos valores que devem embasar decisões fundamentais para o desenvolvimento da política no país. Por outro lado, dados divulgados recentemente descortinam um triste cenário que nos impulsiona para ações urgentes na educação.
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Os resultados do Índice de Alfabetismo Funcional (Inaf) apontam uma melhoria em relação aos dados do analfabetismo absoluto e da alfabetização rudimentar. Mas a proporção dos que atingem um nível pleno de habilidades de leitura, escrita e matemática manteve-se praticamente inalterada entre 2001 e 2011, em torno de apenas 25%.
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No ensino médio, só 35% dos alunos são plenamente alfabetizados. Diariamente nos deparamos com casos ou relatos da baixa qualificação da nossa mão de obra.
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Neste início da corrida pelas eleições municipais, é com satisfação que muitos educadores comprometidos com uma educação de qualidade para todos destacam nas chapas que concorrem em São Paulo três nomes que fizeram parte de administrações públicas em cargos diretamente ligados à educação.
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Nossa surpresa, porém, está na constatação de que a educação figura nas plataformas políticas só como um dos temas ditos prioritários, porém sem propostas efetivas, em discursos tão eloquentes quanto vazios, como geralmente fazem os políticos.
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Temos uma oportunidade nessa eleição de mostrar para todo o país o significado de colocar a educação como eixo central das políticas, para começarmos a reverter esses dados de forma mais expressiva e de repensarmos a formação da sociedade, com ética e a justiça social.
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Tornar São Paulo uma cidade educadora, em que o conhecimento seja o instrumento capaz de empoderar a todos e a cada um, crianças, jovens e adultos, na direção da construção de uma sociedade mais justa e democrática, é o desafio possível. É um desafio a ser alcançado na medida em que ampliarmos os espaços pedagógicos e oportunidades educativas para toda a população.
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Nesse contexto, de um lado, as instâncias da gestão pública podem ser um espaço importante de ações pedagógicas ao implementar políticas relativas ao trânsito, aos resíduos sólidos, ao ambiente, à segurança - é possível construirmos um enfoque formador de cidadania no cotidiano das ações públicas.
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De outro lado, a escola é o lugar fundamental para uma articulação com os diferentes espaços da comunidade relacionando educação com nosso potencial cultural e esportivo, com possibilidades para o ensino e aprendizagem da convivência, da importância do coletivo, do respeito, da diversidade e do diálogo. Trata-se de uma proposta educativa não com ações isoladas, mas integrada ao currículo escolar.
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A complexidade do mundo contemporâneo exige cidadãos que saibam se expressar, buscar, analisar e relacionar conhecimentos, participar de forma crítica das diferentes instâncias da sociedade cuidando das pessoas e do meio ambiente.
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Há uma demanda por uma educação que ofereça a cada um a possibilidade de leitura em seu sentido literal e amplo como leitura do mundo. Não podemos desperdiçar este momento fértil para uma educação para o resgate da ética e dos valores democráticos.
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MARIA ALICE SETUBAL, doutora em psicologia da educação pela PUC-SP, é presidente dos Conselhos do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária e da Fundação Tide Setubal e membro do Conselho do Instituto Democracia e Sustentabilidade.
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Fonte: Folha de São Paulo (SP)
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Fonte: Folha de São Paulo (SP)
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