sábado, 11 de maio de 2013

44% dos docentes da rede estadual sofreram agressão na escola

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Entre os Professores da rede estadual de São Paulo, 44% já sofreram algum tipo de violência dentro da Escola. As agressões mais comuns são as verbais (39%) e o assédio moral (10%), enquanto a violência física foi relatada por 5% dos Docentes. Os números, divulgados ontem, são de uma pesquisa feita pelo Data Popular a pedido do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). “A violência nas Escolas estaduais está aumentando e não há uma ação efetiva do governo.Temos de mudar essa realidade”, diz a presidente da Apeoesp, Maria Izabel Azevedo Noronha.
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A pesquisa foi feita entre 18 de janeiro e 5 de março com 1,4 mil Docentes da rede estadual, de 167 municípios paulistas. De acordo com o Data Popular, é alto o porcentual de Professores que já ouviram falar de algum caso de violência nas Escolas em quedão aula: 84%. Os Docentes afirmam que os Alunos são os principais autores e vítimas da violência Escolar, que se manifesta com xingamentos, provocações e até espancamentos e ameaças de morte. Uma aluna de 17 anos da Escola Estadual Luís Magalhães de Araújo, no Jardim Ângela, que não quis se identificar, conta que já presenciou diversas vezes agressões de estudantes a colegas e Professores. “Tem muito Professor que sai da sala de aula chorando, chateado com o modo dos Alunos.
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Neste ano,uma foi afastada; nos disseram que ela estava traumatizada e não conseguiria voltar a dar aula”, afirmou. As ameaças e os bens danificados pelos Alunos são tão frequentes que 39% dos Docentes acham comum vivenciar essas situações. Para eles, a falta de Educação e respeito dos Alunos (74%) é a principal causa das agressões dentro das Escolas. Para 5% dos entrevistados, porém,são funcionários, diretores e os próprios Professores os principais autores da violência Escolar. Para a Professora B.R., que não quis revelar seu nome, o trauma foi provocado por uma diretora de uma Escola estadual da zona sul de São Paulo que há dois dias a agrediu verbalmente na reunião de Docentes. “Ela disse na frente de todo mundo que meu diploma de pedagoga não valia nada e deveria virar papel higiênico, depois de uma série de humilhações.
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Estou afastada pelo médico, já procurei um advogado e não sei como voltarei a dar aula.” Prevenção. A pesquisa aponta que Escolas que têm campanha contra a violência registram taxas de agressão 10% menores do que as demais.Segundo a Secretaria de Estado de Educação, para prevenir a violência na rede foi implementado em 2009 o Sistema de Proteção Escolar, que criou a figura do Professor mediador Escolar e comunitário, responsável por mediar conflitos.
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Os 2,7 mil Docentes já treinados estão em 40% das unidades. “A ideia é atingir todas as Escolas até o fim do ano que vem”,diz a coordenadora do sistema, Beatriz Graeff.
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Professor pede dever e apanha
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Em 20 de maio de 2011, uma aluna de 18 anos agrediu um Professor de Geografia da Escola Estadual Humberto de Campos, em Sorocaba, no interior de São Paulo. Após uma discussão dentro da sala, ela usou um capacete para golpeá-lo, além de dar tapas em seu rosto. A estudante, que na época cursava o 3.º ano do Ensino médio, discutiu com o Docente porque não havia feito o dever de casa e seria punida com a perda de ponto na nota. Na ocasião, a Diretoria de Ensino de Sorocaba abriu sindicância para apurar a agressão e suspendeu a aluna preventivamente, mas ela não acatou a decisão. Amãe da estudante esteve na Escola, assumiu a defesa da filha e agrediu verbalmente o Professor. Revoltado,um grupo de Alunos se solidarizou com o Docente e se negou a entrar na classe para acompanhar as aulas, que acabaram sendo suspensas pela direção.
‘O aluno jogou uma bomba no meu pé’
“A primeira agressão aconteceu na Escola Estadual José Cândido de Souza, em Perdizes. Estava dando aula para o Ensino fundamental, virei para a lousa para escrever e um Aluno jogou uma bomba no meu pé, que explodiu. Com o susto, fiquei paralisado. Tive de ir para fora da sala, fiquei em estado de choque e acabei urinando nas calças. Tive uma síndrome do pânico muito feia, mesmo sem ter me ferido. Fui levado ao hospital, onde fui medicado, e fiquei afastado da Escola por 120 dias. Já neste ano sofri uma violência na Escola Estadual Luiz Gonzaga Righini, no bairro do Limão.Em abril, um grupo de Alunos ateou fogo na cortina da sala de aula e a Escola não tinha extintor. Apaguei o fogo a vassouradas. No dia seguinte, um grupo de Alunos atacou um Professor.Um livro de 400 páginas acertou o nariz dele. Ainda em outra ocasião, na mesma Escola, 300 Alunos encurralaram a diretora e começaram a agredi-la fisicamente, com tapas e puxões de cabelo. Frequentemente, os Alunos me xingam e ameaçam. Tenho uma sala com mais de 52 Alunos e a superlotação também causa violência entre Professores e Alunos. Já pensei em largar a profissão, mas tenho muito amor pelo que faço. Ainda há esperança.”
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Fonte: O Estado de São Paulo - 10 de maio de 2013

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