quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Recuperação de escolas afeta 12,8 mil estudantes em BH

No lugar de mesas e cadeiras, picaretas e marretas. Tradicionais colégios da rede estadual de ensino de Belo Horizonte tombados pelo patrimônio histórico estão passando por reforma geral. Em três delas, as intervenções estão a pleno vapor. Outras três, entre elas a Escola Estadual Governador Milton Campos, mais conhecida como Estadual Central, estão na lista de espera, aguardando licitações e avaliações. Cerca de 12,8 mil alunos já estão ou serão afetados em breve. Mas, em meio a essa onda de restauração, a experiência da Escola Estadual Barão do Rio Branco, na Savassi, Região Centro-Sul, mostra que o processo pode ser bem mais extenso. Nele, as portas foram fechadas há dois anos, com promessa de reabertura em 2013, ano do centenário da edificação. Mas somente serão reabertas daqui dois anos e meio, quando devem ser concluídas as obras.
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No primeiro grupo escolar da capital, serão exatos 900 dias de intervenções, iniciadas em meados de janeiro. O plano inicial contemplava apenas uma reforma pontual, depois que três salas da escola foram interditadas pela Defesa Civil, há um ano, e uma das quadras fechada quando parte do muro caiu. Por causa de rachaduras, infiltrações e mobiliário quebrado, a edificação tombada em nível estadual ganhou restauração ampla. Mas, passados dois anos, muros quebrados pela metade e as pichações que passaram a fazer parte da paisagem da escola deram a sensação a quem passa pelo local de total abandono.
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O subsecretário de Administração do Sistema Educacional da Secretaria de Estado de Educação, Leonardo Petrus, afirma que a demora se deve ao tamanho do colégio e ao montante de investimentos – R$ 6 milhões. “Batalhamos durante pouco mais de um ano para um adequado projeto pela importância da edificação e para que ele fosse aprovado por todos os órgãos que fazem o controle desses bens”, diz. Os 1,3 mil estudantes estão atualmente em 10 salas do Instituto de Educação de Minas Gerais (Iemg), no Bairro Funcionários.
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Outra construção emblemática da cidade, do início do século 20, em estilo neoclássico, é a Escola Estadual Barão de Macaúbas, no Bairro Floresta, Região Leste de BH. No início do ano passado, foi detectado um problema estrutural e, por isso, os 1,1 mil alunos foram transferidos para um espaço da Escola Estadual Pedro Américo, no bairro vizinho de Santa Teresa. “Também vimos que não adiantava uma restauração apenas estrutural, era preciso fazer algo completo”, conta o subsecretário. As obras, de pouco mais de R$ 3 milhões, começaram em meados do ano passado e têm conclusão prevista para fevereiro de 2014.
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Na Escola Estadual Pandiá Calógeras, no Bairro Santo Agostinho, Centro-Sul, a edificação tombada em nível municipal será restaurada em duas etapas. A primeira, que começou no fim de janeiro, vai cuidar da recuperação e reforma do telhado da escola. A previsão de conclusão são 180 dias. Leonardo Petrus informou que a segunda fase, que cuidará da estrutura, será licitada. O cronograma de obras deve se estender por mais um ano e meio. Enquanto isso, os 1,6 mil estudantes estão e um prédio alugado, no mesmo bairro. Todas as obras são acompanhadas pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) e pela Secretaria Municipal do Patrimônio Histórico. As intervenções estão a cargo do Departamento de Obras Públicas do Estado de Minas Gerais (Deop-MG).
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Estadual Central na lista
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O Estadual Central, no Bairro de Lourdes, Região Centro-Sul, será a próxima escola da lista. A licitação para o prédio arquitetado por Oscar Niemeyer (1907–2012) será aberta assim que for concluído o orçamento do projeto, previsto para o fim do mês e estimado em R$ 9 milhões. A expectativa é de início das obras ainda este ano. Se tudo correr como o previsto, os alunos deverão ser remanejados já no segundo semestre letivo. Ainda não se sabe se parte deles ocupará um anexo do colégio ou se será preciso mudar de endereço. Tudo vai depender da decisão de fazer uma reforma por etapas ou não – o que pode influenciar no tempo de obras, entre dois e três anos.
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“Não recordo de investimento ou restauração do mesmo nível e complexidade que estamos propondo para essa edificação”, diz Leonardo Petrus. “Precisamos consertar problemas que o próprio tempo vai gerando, além de cumprir normas técnicas, sem descaraterizar o patrimônio. Essa complexidade exige alto custo, que se justifica pela manutenção das características históricas, onera obra e aumenta o prazo de execução”, acrescenta.
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Na Escola Estadual Afonso Pena, outra centenária do grupo, na Avenida João Pinheiro, já começou o levantamento da situação da estrutura. No Instituto de Educação, a secretaria está encomendando os estudos. No interior, a Escola Estadual Manuel Inácio Peixoto, em Cataguases, Zona da Mata, está sendo reformada. Os trabalhos no prédio, também de Niemeyer, têm o acompanhamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
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Fonte: Estado de Minas (MG) 

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