quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Polícia cerca manifestantes na Consolação durante ato contra reorganização escolar

 
Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO
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Em meio ao ato que pedia a revogação definitiva do projeto de reorganização escolar anunciado pelo governador Geraldo Alckmin, a PM (Polícia Militar) cercou os manifestantes na avenida Consolação na noite desta quarta-feira (9).
 
Bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo foram usadas para conter o grupo em meio aos carros que passavam pela via, uma das mais movimentadas da cidade. A reportagem do R7 viu uma das bombas atiradas pelos policiais atingir a parede de um prédio.
 
Uma frente de PMs vinha por trás dos manifestantes, pela avenida Consolação, enquanto outra se posicionou na esquina seguinte, não deixando nenhuma saída em meio à chuva de explosões e gás lacrimogênio. 
 
A confusão começou cerca de três horas após o início da manifestação na avenida Paulista. Por volta das 21h, o ato passava em frente à Secretaria Estadual da Educação, quando iniciou-se um confronto entre mascarados, que lançaram rojões contra a Tropa de Choque e alguns manifestantes, que revidaram as bombas de gás lacrimogênio e de efeito moral com rojões. Durante o tumulto que se espalhou pela região, pelo menos 13 pessoas ficaram feridas — entre elas, oito PMs — e dez foram detidas. Três estudantes em fuga buscaram abrigo dentro de um teatro, que foi invadido pela PM.
 
Barricadas com lixo e fogo foram erguidas na tentativa de pedir o avanço dos policiais — a maioria, nas avenidas Ipiranga e São Luís. 
 
Na avenida São Luís, testemunhas relataram que um PM teria sacado um arma de fogo e disparado três vezes para cima. Entre os 10 presos, nove foram capturados na rua Itacolomi, próximo da rua da Consolação.
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A reportagem do R7 flagrou policiais militares disparando bombas em um grupo de cinco manifestantes que tentavam se esconder na entrada de um estacionamento na rua Peixoto Gomide, que dá acesso à avenida Paulista. Uma criança, de cerca de seis anos de idade, e duas senhoras moradoras da região reclamaram do ardor nos olhos e da dificuldade de respirar por conta do gás lacrimogênio lançado pela polícia.
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Diversos manifestantes utilizaram vinagre para tentar amenizar a ação das bombas de efeito moral.
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A Secretaria da Segurança Pública classificou como "absolutamente necessária a intervenção da PM" no ato, e chamou a "atitude de grupos de manifestantes" como "política e criminosa".
 
Pacífica
 
A manifestação começou pacífica no vão livre do Masp. Na avenida Paulista, o grupo decidiu manter as invasões dos colégios — segundo a pasta, 136 unidades estavam tomadas por alunos ontem; o movimento chegou a ocupar 196 escolas no Estado. O movimento seguiu da avenida Paulista para a 9 de Julho, passando pelas praças 14 Bis e da Bandeira, viadutos Maria Paula e do Chá, até chegar à praça da República.
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Ao longo do ato, grupos de black blocks atuaram formando cordões para auxiliar na organização do protesto, com o objetivo de impedir que os manifestantes seguissem por ruas que não faziam parte do trajeto. No percurso, o clima foi de protesto contra a política educacional de Alckmin — o governador pretendia fechar no próximo ano 93 escolas, transformar 754 em ciclos únicos e transferir 311 mil alunos, mas suspendeu a reorganização até janeiro para "dialogar" com pais e alunos. 
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