terça-feira, 23 de outubro de 2012

Alunos denunciam problemas em escolas pelo Facebook; veja o mapa de queixas de 30 páginas

O dia do basta. Pela internet, alunos de escola pública de todo o Brasil marcaram para esta segunda-feira (22) um protesto pedindo uma "escola digna". A proposta da ação é enviar mensagens para o gabinete do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e para as secretarias municipais e estaduais de Educação denunciando os problemas de suas unidades.
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A manifestação é parte da onda de protestos virtuais que começou em agosto deste ano, com a divulgação da página Diário de Classe feita pela estudante catarinense Isadora Faber, 13, que tornou públicos os problemas da escola em que estuda em Florianópolis. Agora são ao menos 30 páginas na rede social que reúnem denúncias em escolas e universidades de 14 Estados brasileiros e do Distrito Federal.
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Desveladas na internet, centenas de fotos expõem descuidos com as unidades escolares. Carteiras quebradas, banheiros sem porta, que não funcionam, salas de aula abandonadas, lousas quebradas, quadras inutilizadas, fiação exposta, lixo e reformas inacabadas são alguns dos problemas apresentados. Nas mensagens, os alunos também reclamam da falta de professores, problemas com equipamento eletrônico e da qualidade da merenda.
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Entre as 30 páginas encontradas pelo levantamento do UOL Educação, 26 são escolas de ensino fundamental e médio, duas delas são de universidades e outras duas reúnem diferentes escolas do mesmo município. A maioria das instituições é de responsabilidade estadual. São Paulo é o Estado com maior número de páginas (8), a Bahia tem quatro, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Paraíba, Rio Grande do Sul e Santa Catarina têm duas cada. Para fechar a lista, ao menos uma página existe em Alagoas, Distrito Federal, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Piauí e Rio de Janeiro.
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Melhorias
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Os estudantes deixam claro em suas páginas que a ação é autônoma e tentam se unir por meio da rede para pressionar as autoridades por uma escola de qualidade. Como Isadora Faber, que ultrapassou os 340 mil seguidores e conquistou melhorias para sua escola, alguns jovens percebem resultados imediatos de sua ação. O aluno Emerson Mendes, de Itamaraju (BA), conta que depois da criação de sua página a maioria dos problemas de sua escola foram resolvidos: os banheiros quebrados, as fechaduras quebradas e a fiação exposta. Ele ainda espera intervenções na quadra esportiva.
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No caso da Escola Estadual de São Paulo, o estudante Guilherme (que não quis divulgar seu sobrenome), 14, afirma que até o momento apenas um buraco aberto no pátio foi consertado pela escola. Ainda restam salas em desuso, infiltração, banheiros e janelas quebradas, entre outros problemas. Procuradas pelo UOL, secretarias estaduais afirmam, em sua maioria, que as redes sociais não são o local para a denúncia de problemas nas unidades escolares. No entanto, após saberem dos problemas por meio das páginas dos alunos ou por meio da imprensa, providências passaram a ser tomadas.
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Muitos "likes", mas pouco apoio
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Para Gisele Chaves, 17, criadora do Diário de Classe da EEPAC (Escola Estadual de Ensino Médio Professor Pedro Augusto Porto Caminha), de João Pessoa (PB), escrever o diário do colégio serviu para que os problemas fossem divulgados. "Criamos essa página com a finalidade de mostrar a realidade da escola, isso inclui o lado bom e o ruim, e significa que sabemos reconhecer quando um trabalho é bem realizado", explica a aluna. Com quase 3 mil "curtidas" em sua página, Gisele conta que a participação dos alunos é essencial para um bom resultado. "Na página, vejo muitos que apoiam, mas ao redor, de verdade, são poucos." Já Guilherme, que junto com outros amigos, faz o diário da escola, diz que teve apoio da coordenadoria ao relatar problemas encontrados. "Tem que mostrar o nome e persistir para poder apresentar os problemas da escola, porque, só assim, aparece algum resultado", explica o aluno. Sua escola tem problemas? Na área de comentários, conte ao UOL qual a situação da sua escola. Não esqueça de colocar o nome completo da instituição e o nome da cidade.
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Denúncias podem ser enviadas também para o e-mail vestibular@uol.com.br.
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Veja o mapa aqui.
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Impulsionadas por denúncias estudantis, secretarias respondem a pedidos de manutenção
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Após reunir as denúncias feitas por estudantes de 15 Estados brasileiros em 30 páginas de Facebook, o UOL Educação procurou secretarias estaduais, prefeituras e algumas unidades escolares para saber quais providências estão sendo tomadas em relação aos problemas apontados por alunos. Em sua maioria, os órgãos afirmaram que as redes sociais não são o local para a denúncia de problemas nas unidades escolares, mas que, após tomarem consciência dos problemas por meio das páginas dos alunos ou por meio da imprensa, estão tomando providências.
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EESP
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A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, por meio de sua assessoria, afirma que a Escola Estadual de São Paulo “tem recebido diversas melhorias desde setembro”, entre elas estariam a troca de vidros e lâmpadas, revisões elétricas e a instalação de uma tampa na caixa de cabeamento elétrico, além da limpeza das áreas de convivência. Na nota, a secretaria afirma que a escola recebeu novas cadeiras e carteiras escolares e que os móveis depredados seriam retirados até o início de novembro.
O órgão diz, ainda, que a escola passará por uma reforma geral e que a previsão é de que as obras se iniciem no primeiro trimestre de 2013, segundo a FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação).
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Luiz Gonzaga Pinto e Silva
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Sobre a Escola Estadual Professor Luiz Gonzaga Pinto e Silva, na zona sul de São Paulo, a secretaria afirma que a unidade deve receber “nos próximos dias, o serviço móvel contratado pela FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação) para que sejam feitos reparos emergenciais e manutenção em diversos espaços do prédio”. A unidade também teria recebido móveis novos, como cadeiras, carteiras, armários, estantes e mesas para professores. A secretaria afirma ainda que a unidade deverá passar por reforma de suas instalações elétricas, da cobertura, dos sanitários, da cozinha, dos bebedouros, do telhado e das quadras esportivas. A obra está em fase de planejamento, de acordo com a nota.
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Doutor Washington Luís
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No caso da Escola Estadual Doutor Washington Luís, em Mogi das Cruzes, a secretaria afirma que a unidade recebeu recentemente novas carteiras, armários, estantes e mesas para professores. E que os móveis depredados deverão ser retirados da escola em breve. Em nota, a secretaria estadual afirma ainda que estão em processo de licitação os serviços para implementação do sistema de combate a incêndio da unidade.
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Roque Savioli
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 A secretaria estadual, por meio de sua assessoria, afirma que a direção da Escola Estadual Roque Savioli, em Cotia, “tem tomado as providências necessárias para solucionar as questões apontadas pelos alunos”. Os reparos da quadra esportiva teriam sido começados na semana passado pela FDE. De acordo com a nota, técnicos da fundação devem visitar a escola nesta semana para avalias outras intervenções necessárias. A secretaria afirma que as revisões nas instalações elétricas e hidráulicas do prédio foram realizadas em setembro e o mobiliário depredado já foi retirado. Os sacos plásticos armazenados junto do acervo de livros da unidade seriam retirados durante o último final de semana.
Após reparos, os 28 computadores estariam prontos para utilização e que a escola conta com seis docentes para suprir ausências pontuais de professores.
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Emilia Anna Antonio
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Ainda em nota, a secretaria estadual de São Paulo afirma que a Escola Estadual Professora Emilia Anna Antonio, de Guarulhos, recebeu recentemente mesas e cadeiras novas, além de armários. Segundo a secretaria, foram executados serviços emergenciais na escola “como a troca de uma válvula no banheiro, de forro e vidros e a instalação de tampos nos vasos sanitários”.
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Cardoso de Almeida
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No caso da Escola Estadual Cardoso de Almeida, localizada em Botucatu (a 238 km de São Paulo), o serviço de atendimento móvel deve visitar a unidade nas próximas semanas para que sejam feitos reparos emergenciais, como instalação de portas e pia no banheiro, além de cortinas nas salas de aula.
A secretaria afirma que não há vazamento de água na unidade e que o banco quebrado já foi retirado da escola. A quadra esportiva deverá ser liberada para utilização dos alunos assim que forem instaladas telas ao seu redor. Sobre os computadores supostamente não utilizados pelos estudantes, a pasta esclarece “que se trata de material de uso da Etec (Escola Técnica Estadual) que utiliza espaços do imóvel” e que a escola Cardoso de Almeida tem uma sala do programa Acessa Escola para uso de seus alunos.
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Bahia
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A Secretaria da Educação do Estado da Bahia afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a quadra oficial do Colégio Estadual Roberto Santos, em Salvador, foi completamente recuperada. A secretaria afirma que tem repassado recursos financeiros para que as unidades possam fazer sua manutenção diretamente. De acordo com a secretaria, o Colégio Estadual Bolívar Santana deverá passar por uma reforma geral do prédio. As aulas continuarão a ser ministradas em “módulos climatizados e, também, no prédio anexo da unidade”.
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Espírito Santo
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De acordo com a secretaria estadual de educação do Espírito Santo, a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Coronel Gomes de Oliveira, em Anchieta, receberá nesta semana a visita de uma equipe técnica para que sejam diagnosticados os problemas. Após a visita técnica, deverá ser feito um pedido de serviços e aberta a licitação para possíveis obras. Segundo o gerente de rede física escolar do Estado, Alexandre Aquino, apesar dos problemas denunciados por alunos, como uma rachadura em uma das paredes, a escola passou por uma grande reforma em 2010.
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Pará
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A Secretaria de Estado de Educação do Pará declarou, por meio de sua assessoria de comunicação, que a Escola Estadual Ensino Médio Alexandre Zacharias de Assumpção receberá a reforma de suas redes elétrica e hidráulica, além da construção de uma quadra de esportes. Neste momento está sendo cotado o custo dos serviços.
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Paraíba
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Segundo a Secretaria de Estado da Educação da Paraíba, foi solicitada a inspeção das escolas estaduais Maria Zeca de Souza, em Massaranduba, e Pedro Augusto Carminha, em João Pessoa, para a Chefia de Manutenção da secretaria para que sejam tomadas as “devidas providências”.
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Pernambuco
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A Secretaria de Educação de Pernambuco informou que as denúncias feitas por estudantes da Escola Estadual João Batista Vasconcelos já foram averiguadas e que o banheiro da unidade foi consertado. A unidade, de acordo com a secretaria, fez uma campanha de conscientização da importância da preservação do patrimônio da escola com alunos.
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Piauí
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A reitoria da Uespi (Universidade Estadual do Piauí) afirmou que em outubro começaram as obras de construção de salas de aula no campus Picos. “A situação atual é de demolição das salas antigas”, afirmou o pró-reitor adjunto de administração e recursos humanos, Benedito da Graça. “O prazo contratual para entrega das salas de aula é de 120 dias a contar da ordem de serviço assinada no dia 10 de outubro.”
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Rio Grande do Sul
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A assessoria de comunicação da secretaria estadual de Educação do Rio Grande do Sul afirmou, por meio de nota, que não há nenhum registro oficial de denúncias de problemas na Escola Estadual de Ensino Médio Villa Lobos. A 2ª Coordenadoria Regional de Educação, responsável pela unidade, afirmou que postagens em redes sociais não configuram denúncias, “pois precisam de registros com assinaturas (dos denunciantes) para fazer os encaminhamentos necessários”. A coordenadoria afirmou ainda, por meio de nota, que a Escola Villa Lobos será contemplada com a reforma geral do prédio em 2013.
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Demais unidades
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Procuradas pela reportagem do UOL, as secretarias estaduais de educação de Alagoas, Distrito Federal, Maranhão, Rio de Janeiro e Santa Catarina não responderam até a finalização do texto. Também não responderam ao contato do UOL as prefeituras dos municípios de Castelo (ES), Taubaté (SP) e Triunfo (RS) e a assessoria de imprensa do IFSP (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo).
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Fonte: UOL Educação

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